22 de maio de 2012

Ser mulher, ser humano

Muitas vezes eu sinto que carrego um fardo. Um fardo maior do que eu, que está longe do meu entendimento, e longe de poder mudar também. Muitas coisas são nossas escolhas e outras não. Como conviver em paz com isso que não podemos mudar eu não sei, não faço a menor ideia. Essa impotência me humilha. Essa impotência me dá vergonha. Eu tenho vergonha de ser mulher. Infelizmente. Admiro minha natureza, admiro meu corpo que é uma explosão de prazeres, admiro a minha sensibilidade, mas a sociedade me faz ter vergonha. Eu estou cansada de ser taxada como vagabunda por minhas escolhas. Feminazi pelas minhas ideologias. Louca pelos meus relacionamentos. Culpada pelas agressões que sofri. Incapaz pelo salário que ganho. Escrota por não querer ser mãe. Péssima filha por não casar na igreja. Satanista por não crer em Deus. Desfavorecida fisicamente por ser mulher. Não gostosa o suficiente por não parecer a Panicat. Mal amada por achar a Gisele Bundchen um mal exemplo. Entre muitos outros rótulos, dados a mim, às mulheres e a outras minorias. O Brasil é o sétimo país, de 87, que mais mata mulheres. Sim, o sétimo. A maioria crimes cometidos por seus "parceiros". Penso muito e não encontro um motivo para não sermos donas de nós. Não somos. Somos ditadas por homens, nossos comportamentos, nossas escolhas, nosso prazer, nosso corpo, nosso amor. Somos meros objetos. Tratadas assim. Tento de todas as maneiras sair desse emaranhado. Tento seguir as minhas regras, meus costumes e meu coração. Mas de vez em quando é maior. E me traz tristeza, e me leva a esperança. O outro nos enxerga como espelho, as pessoas não tem percepção do que elas são, como um bebê que acha que a mãe é ele próprio. Por isso, ser diferente, ser forte, ser independente causa tanta repulsa no outro. O melhor a fazer é fazer a nossa parte. Porém às vezes é difícil, insuportável, conviver com a ignorância...