15 de julho de 2009

A reforma

As pessoas são viciadas em reformas. Reparei nisso. Não podem passar mais de um ano sem pintar seus apartamentos, nem quebrar uma parede, sem redecorar a sala.
Deveria ser tratado como doença. Essa mania de reforma.
Há dois meses meu vizinho está nessa empreitada. Graças ao senhor eu não sei quem ele é, mas certamente para fazer uma reforma de 2 meses enquadra bem no caso.
Imagino o apartamento. Poeira, entulho, paredes ao chão, pedreiros pintados de cinza. E ainda ouço, junto aos turbilhões de sons que vem de lá, o barulho do aspirador de pó. Sim, junto com a mania de reforma tem a mania de limpeza. O pedreiro martelando, a mulher com o aspirador de pó. Só pode ser doença.
Hoje é a furadeira. Acredito que o apartamento ficará um queijo suíço, tamanhos buracos.
Meu amigo disse que quando reformava a casa o pedreiro começava às 6. Até que o vizinho enlouquecido reclamou. Eu cogitei a ideia de não falar mais com ele. Puta mancada.
O daqui começa exatamente 8:58. Nem mais , nem menos. Calculando que durmo umas 3:30, 4 da manhã, imagine como é meu dia , com as marteladas e furadeiras. Vou tentar explicar.
Eu estou beirando a loucura. Acordo como se os nazistas estivessem invadindo meu quarto. Devo usar protetores auriculares o dia todo. A cada martelada meu cérebro vai junto com o reboque da parede. Parece que a furadeira está penetrando paulatinamente minhas têmporas. E tira e põe num jogo masoquista, como se o dono do apartamento risse de mim, quem mandou não ter trabalho, vagabunda, deveria acordar cedo, 9 horas gente de bem tá na rua etc etc etc etc .
Lembro-me, talvez esteja até aqui no blog, de quando a Paulista estava em obras. Estou no mesmo estresse.
Fica aqui meu protesto. Mania de reforma deveria ser crime. Contra a humanidade!!
Só pode ser sadismo, puta que pariu!

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