26 de agosto de 2008

Vou sambar no seu caixão (*)

Vou sambar no seu caixão
Porque alegria maior não há
E para todo sambista há comemoração
E por isso vou sambar no seu caixão

No meio de coroa de flores, rosas e espinhos.
E deixa a vida melhor continuar
Sem culpa, sem arrependimento
Sem santo, sem pudor.

Porque sofrimento maior não há
Que a vida passar a toa
Agora que tem a vida boa
A gente samba pra melhorar

Eu sambo no seu caixão
Para transbodar alegria
Felicidade de viver a vida

Deixo as lágrimas para depois
Deixo a conta para nós dois
Só para aproveitar

E vamos sambar
Alegria maior não há!

(*) agora sou letrista. hahahahaha
Copyright by Mariana Catto , proibida cópia, reprodução etc e tals .
Hahahahahaha

21 de agosto de 2008

O dia em que eu quis matar um cidadão comum (*)

É sabido que algumas pessoas já deveriam nascer mortas.
Parece muito fascismo da minha parte dizer isso. E ainda dizer que, no fundo eu sinto pena por elas.
Mas elas deveriam nascer mortas.
Gostam de ser estorvos na vida de outras pessoas. Estão ali para desgraçar. Para importunar, pra nos tirar do centro.
Que atire a primeira pedra o almofada intelectuóide de meia tigela que nunca quis matar a pauladas um impertinente desses.
A pessoa em questão parecia desprovida de meios culturais, sociais e monetários. Estava acompanhado de mais dois elementos, da mesma estirpe, e já é sabido também que um babaca acompanhado de “amigos” multiplica a babaquisse.
Talvez por abandono na infância, carência e dificuldades, sempre querem chamar atenção. Para isso, usam as camisetas mais coloridas, as bermudas mais estampadas e os bonés mais esdrúxulos. Gastam o salário mínimo todo em roupas, mas não podem gastar 5 reais em um desodorante. Um fedor insuportável, cada vez que se pendurava nos ferros do metrô. Sim, algazarra no metrô. Sim, horário de pico, metrô lotado.
Não me é compreensível. Possivelmente o cara tem um trabalho miserável. Braçal talvez. Sem desmerecer, mas deve tomar tanto coice durante o dia, que na volta pra casa sente-se na obrigação de dar coice nas pessoas ao redor. Como se elas tivessem que pagar pela incompetência. Olha para a bunda de todas as pessoas do sexo feminino, e se for homem cabeludo, capaz de entrar na história.
Não contente com toda a estupidez e miséria humana, e olhares de reprovação, ao sair do vagão resolveu mexer no celular. E começou a colocar um toque que imitava uivos de lobo. Alto. Claro. Com a aprovação dos babaquinhas. Claro.
Ele estava bem na minha frente na escada rolante. Eu sentia que podia esmagar o crânio do desgraçado com minhas mãos nuas, até que seus glóbulos oculares saltassem no meu colo. Sentia que eu era forte o suficiente para arrebentar a cara dele na porrada, e ainda dar uns tapas na cara dos amigos.
Estava vermelha. Eu podia sentir. E pude ver que ele percebeu. Nem por isso parou.
Ele estava gostando.
Calma, calma, só mais alguns minutos! Ahh como eu gostaria de ter feito judô quando era pequena. Só alguns degraus.
Acabou, acabou. Ele seguiu em outra direção.
Podia ainda ouvir a porra do toque de celular. Tirou-me do sério.
Lembro na vida apenas mais duas situações quais eu fiquei assim.
Num encontro com meu ex e com uma menina na sétima série...


(*) Parte do livro que um dia lançarei hehehehehe.

15 de agosto de 2008

Noites Brancas de Insônia

A combinação perfeita de noites brancas de insônia é: um remédio devido a uma perturbação no ouvido, que estava me deixando louca parecendo que havia a bateria da mangueira nos tímpanos, a preocupação com o dia-a-dia, que está cada vez mais pesado, e as preocupações do coração, que segue a batida da mangueira.
Durante o dia, devido a essa droga, que é anti-tudo, sinto um sono que consome de uma maneira, que onde encostar dorme. Durante a noite, sinto me um zumbi daqueles de filminho trash dos anos 80.
O sono é sagrado.
A falta do sono é perturbador!
Terminei de ler os cem anos de solidão, e devido ao efeito da droga, da falta de sono, começa-se a imaginar situações que passam do livro para a vida real.
Senti que estava vivendo a solidão descrita por Gabriel Garcia Márquez. A solidão do esquecimento, daquela de se trancar no quarto nos pergaminhos indecifráveis, de não querer a companhia, de desejo, e da doença da insônia, que, segundo uma passagem, remete a perda da memória.
Memória.
Parece que essa me serve apenas para as coisas que atrapalham. Gostaria muito de poder lembrar de momentos bons, até faço um esforço, mas o que vem são desilusões, ciúmes, intrigas, saudades e meios arrependimentos, isso no meio da madrugada que fazia um frio, daquelas de vento gelado.
Mistura-se isso com a falta de sensibilidade do companheiro, que deixa o celular (aparelho moderno que não combina com poesia) desligado por apenas algumas horas, das 20:00 às 9:30 da manhã do dia seguinte.
A mente sentindo falta das doces ilusões proeminentes dos sonhos começa a viver um sonho real de pensamentos perversos. E se... e se...
Imagina-se o Casa Nova na noites de gala, o boêmio, o vagabundo.
Quando na verdade é capaz mesmo que o rapaz esteja no sétimo sono.
A insônia nos dá uma falsa claridade, uma lucidez trôpega, pois acha-se saber da realidade quando na verdade é apenas um sonho estranho.
A conta bancária, preocupa.
Até o ato de entregar o presente do dia dos Pais atrasado te leva a uma reflexão digna dos escritores russos.
E o corpo dói de tanto ficar deitada imaginando o nada.
No relógio, 4:30.
Lembrando que as 7:30 tem que levantar.
E quando vem o sono, vem também a vontade de ir no banheiro.
Quando menos se espera, após um pouco de distração...
Toca o despertador, e então parece que essa noite, você morreu um pouco,foi atropelada por uma caminhonete, por um vagão desgovernado!
Zumbi. É como fico o dia todo, esperando por uma noite tranqüila de sono!

8 de agosto de 2008

Sexta - Feira de chuva ácida

Fazia tempo que não chovia em São Paulo. Por isso, quando no meio da tarde escureceu e "virou noite" agradeceram "a Deus" a chuva, como presente divino. Porém o presente divino perdeu lá sua graça e transformou-se num tormento especialmente numa sexta- feira onde todos parecem ter uma pressa de não-sei-o-que e uma paciência que se esgota ao ver o vagão do metrô abarrotado nosso-de-cada-dia.
E é uma dança de guarda-chuvas mal educados, meias molhadas e casacos com cheiro peculiar de mofo.
E é uma chuva impertinente que parece ressecar a pele e fazer mofar os ossos também.
E deixa, então, um rastro nos nossos sentimentos, justo as sextas-feiras de feições alegres e animadas, de chopps e pastel no boteco, de celulares que nos instigam para a noite, justo hoje o que vemos são caras que observam as gotinhas que ficam na janela, e observam durante minutos para depois conformar-se: - Ah se não estivesse chovendo!
E dá uma saudades de casa, um banzo tão grande dentro dos carros parados em engarrafamentos que parecem eternos, que se pudessemos usar teletransporte uma vez só na vida, aquela seria a hora!
Mas a chuva ácida está na nossa história, a terra da garoa de paulistanos de todas as regiões do Brasil, e regiões estrangeiras também, pessoas acostumadas com a pressa, e tudo que atrapalha, essa pressa desconhecida, deve ser extinguido.
A chuva tem também seu romanstismo, casais dividindo o mesmo guarda-chuva, amigos novos feito debaixo dos toldos, olhar a paisagem molhada da um outro sabor, e ver a chuva nos postes de luz parece interessante. Poético.
E agora eu espero essa chuva passar, debaixo de montes e montes de cobertas, e acalento assim também meus pensamentos, molhados e confusos, e espero bater aquele sono, especifico para dias chuvosos, calmo, lento, tranquilo, que parece que vai durar no mínimo 24 horas ...


Ps. Só postei porque teria graça apenas hoje, arrumo o que estiver errado na segunda feira... Vou aproveitar a chuva para molhar meus tênis, embaçar meus óculos, e firmar meus pensamentos!!

4 de agosto de 2008

Sonhos

Meus sonhos me perturbam. Raramente os tenho, porém quando acontece, parece que passei a noite toda jogando buraco, ou num caça níquel de moedas infinitas, ou numa rua de luzes estupendas, daquelas tipo Los Angeles, Broadway, Hong Kong, que não sabemos para onde olhar, pois tudo parece tão interessante, mas tão superficial, que não sabemos qual será o próximo passo. Tudo regado a um bom e velho uísque, com duas pedras de gelo por favor, o que me faz acordar com uma dor de cabeça, digna de ressaca, sem ter bebido uma gota de álcool na noite anterior.
E quando há doses de bebida destilada na noite anterior, os sonhos misturam-se a realidade, e então, não sei o que foi a realidade da noite, ou a fantasia da madrugada.
Melhor apagar tudo de uma vez da mente, para não fazer confusão.
Uma dessas vezes, sonhei cinco dias com a mesma pessoa, e todos os outros dias sonhando acordada, sonhei tanto que cheguei a enjoar, a pensar que a conhecia, achava que ela me conhecia, tanto era a realidade .
Acordava sentindo que havia dormido com a pessoa, com os braços ao meu redor, o cheiro ficava em mim, a minha doce ilusão de todas as noites.
Ficava consternada diante da frieza em que me tratava a pessoa, no dia seguinte, como se quisesse dizer – Hey! Passamos a noite juntos, não lembra?
Com a aproximação, os sonhos passaram, esses sonhos, e com a proximidade de sentimentos combinados, um outro tipo de problemas noturnos, a falta do sono.
E depois que passa, a fase do peso para dormir, novamente volta-se a sentir como se estivesse do meu lado. Pelo menos em sonho, que é onde sempre ficará.
Infelizmente...
Têm alguns deles se tornam realidade. Sério. Para o bem ou para o mal.
Você acorda e diz: não será possível. E na semana seguinte encontra-se num emaranhado confuso, de tudo o que deu certo, como previsto, acabando com a surpresa, num dejavu desagradável, desconcertante, e melancólico.
Com o tempo, acostuma-se.
Não acorda mais nem chorando, nem no sobressalto.
Para mim, sonhar é sinal de algum distúrbio. Algo não está bem,um processo de surto. Eu gosto mesmo das noites escuras, sombrias, das quais eu não estou em algum lugar colorido, parecido com alguma brisa de LSD, nem vendo o meu respectivo parceiro me traindo, e nem nos braços de quem nem sequer sabe da minha existência, pessoa inexistente dos nossos sonhos.
Gosto das coisas reais.
Dos sonhos da realidade, da brisa acordada, da realidade distorcida.
Deixa-me descansar dessa vida de sonhos, pelo menos enquanto posso, ainda, distingui-lo da vida real, quando estou acordada.