Inveja

Da série pecados capitais

A inveja nem sempre é desejar a Ferrari do seu vizinho, querer comer no restaurante da moda, ou cobiçar o namorado alheio.
A inveja também está nas pequenas coisas, como invejar as atitudes alheias.
Pois bem, eu invejei.
Ai vai meu depoimento.

Fui ao cinema assistir um filminho alternativo basicão.
Como sempre, no final, fui até o banheiro.
Banheiro feminimo é igual no shopping Iguatemi ou no cinema cool. A diferença é que no Iguatemi a disputa e de quem parece mais uma boneca Barbie, no cinema, a Marisa Monte. Apenas referências.
No meio de Bunuel e Lynch e discussões acaloradas eis que surge um som.
Um som vindo diretamente do âmago daquele que o emitia.
Um som, com o perdão da palavra e o plágio da crente, de uma bela cagada.

Ah que inveja daqueles intestinos despretenciosos, livres leves e soltos!
E lembrei das tantas vezes de aperto, daquela viagem para a para a praia com a minha amiga, quando eu tinha 11 anos e fiquei 5 dias sem ir ao banheiro porque o mesmo estava entupido. (valeu amigona! e que mãezaça você tinha!)
Lembrei das propagandas de Activia. O que seria dos lactobacilos vivos, DanRegularis e afins, se todas as tripas tivessem essa doce revolta?
Não, eu não esperei para ver quem era a sortuda que estava compenetrada em pensamentos, em um lugar público. Pela desenvoltura imaginei que fosse uma mulher mais velha. Só uma mulher mais velha para ter esse controle do corpo, essa liberdade escatológica.
Não comentei com ninguém o fato. Até o presente momento...
A inveja é uma merda, nesse caso.