19 de janeiro de 2009

Seis da tarde na Ilha do Cardoso

Além de ser o horário propício para os ataques de mosquitos faminto, é hora, já marcada, do futebol no campinho de areia.
E daí que vemos que há gente na Ilha!
Não importa o quão remoto futebol, no Brasil, é linguagem universal.
Mas percebo as diferenças do futebol da cidade grande. Aqui as pessoas jogam sorrindo. Os palavrões,quando consigo entender, porque eita sotaque enrolado!, não são dirigidos, apenas palavrões do jogo. Não houve brigas, e até os meninos estavam no meio.
As moças estavam sentadas, observando, a maioria já casadas (e com filhos) dos jogadores.
Conversando com uma senhora ela me contou o caso que do outro lado do rio, já Paraná, também tinha o jogo às seis, mas pararam, pois um rapaz, durante a partida, quebrou a perna em três lugares! Desde então os que não aguentam de vontade de jogar, atravessam o rio de canoa. Mas ela morre de medo, vai que acontece com o marido ou filho ou sobrinho, a mesma coisa!
Os turistas que estão hospedados aqui também jogaram. E da bem pra perceber quem são os turistas. O povo daqui, além de queimados pelo sol, claro, tem traços indígenas, pelo menos eu acho que tem. Principalmente o Luís. O Luís era aclamado no jogo pelos outros. É um senhor Atarracado, de pescoço para dentro e cabeça grande. Eles gostam dele, não me pergunte o porquê.Acredito que quando tem futebol as pessoas mudam. Até o rapazinho de onde estamos hospedados, todo tímido, bem caipira, chegou a conversar com a gente, animado. Vai saber como é seu Luís fora do campo.
O jogo só acabou porque o sol resolveu descansar um pouco (pois ele se põe às 20:30) e a bola se arremessada longe, como foi diversas vezes, podia não ser mais encontrada. E deve dar um senhor trabalho comprar outra, uma vez que a mercearia local vende só cerveja, pipoca doce e cigarros Kirby.
Do mesmo modo que apareceram do meio do mato, se foram mato adentro.
Não acabo sem contar a digna observação do nosso colega turista, dizendo que a competição é injusta pois os pés nativos possuem o dobro da largura e espessura. Pés preparados para areia, já os nossos, pros sapatos.

PS. Uma das turistas tirou foto (claro, eu estava sem minha máquina), trocamos emails, mas até o momento ela não me passou a foto! Quando tiver, ilustro nesse espaço!

Um comentário:

Mieko disse...

ai que gostoso! isso sim é vida boa. boa vida... alternados.