28 de agosto de 2009

O esquecimento dos outros.

Lendo esse texto na internet comecei a divagar sobre os esquecimentos também.
Pessoa orgulhosa e prepotente que sou, faço esforços ridículos para ser "inesquecível" para outrem (ó, que bonito). O corpo perfeito, com a mente brilhante, com a performance genial (modesta). Bastaria. Mas o que percebi, ao longo de poucos relacionamentos, intensos, é que não se procura a pessoa por ser assim, mas sim por padrão. Tanto que, na maioria das vezes, sem perceber, somos moldados pelo outro. E se acaba, logo que surge um novo relacionamento, moldamos (e somos moldados) da mesma maneira. Que grande ilusão achar que um "eu nunca vou te esquecer" durará para sempre, realmente. Ilusão essa que tenho, pois se alguma vez digo que nunca esquecerei alguém, é porque esta estará no cantinho especial do meu coração (óooõ) e que realmente farei de tudo para que a lembrança fique guardada, com carinho.
As pessoas não tem noção do que são palavras. Para mim palavras são como promessas, não podem ser lançadas no ar, a toa (clichê). Você é a mulher da minha vida, eu te amo, nunca vou deixar de te amar, mas que merda é essa? Eu não quero ilusões. Quero acreditar nas pessoas. Queria dizer que é possível amar alguém pra sempre. Talvez porque "amar" tenha adquirido outro significado ao longo do tempo. Amar não é tesão, nem paixão, nem o que se sente pelo namorado de cinco meses. Amar é construir. Simples assim, o amor se constrói. Ama-se amigos, parentes, companheiros. E, olha só!, é uma coisa bonita, duradoura, gostosa.
Minha decepção é não poder amar mais, nem ser amada, porque simplesmente as pessoas não estão abertas a isso. Portanto esse esforço imbecil por ser perfeitamente inesquecível demonstra a minha fraqueza. Insolente, eu odeio fraquezas. Não as admito. Fecho-me no meu mundo psicótico por achar que todos estão aqui pra me sacanear, pois são 90% estão mesmo. E é tão confortável não se machucar que acostumei. Sou daquelas que prefiro escutar a falar. Ninguém precisa saber o que sinto. E ninguém está interessado. A vida passa , assim, e vem o esquecimento. Pessoas são repostas. Superficiais.
E as coisas tendem a piorar. É só esperar.

PS. a conversa tomou outro rumo. O esquecimento é cruel para os orgulhosos. Como conviver com o fato de que não fará nada que seja lembrado, não será Alexandre, O Grande, Luís XIV, nem Jesus Cristo? Difícil. Espero que meu corpo não fique num túmulo florido, queria mesmo doá-lo para a ciência, onde alunos escrotos do curso de medicina meia-boca da Usp possam revirar minhas tripas e deliciar-se com a minha podridão. Grata.